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Matérias - Índios da região de Manhumirim. Estrada Imperial.

Matérias;
Índios da região de Manhumirim.
Estrada Imperial.



Fatos, história e arqueologia. 

                                        Quem eram, onde habitavam e o que aconteceu 300 anos após a chegada dos Portugueses na terra dos Puris e Botocudos. 

          Por ter conhecimento da existência no município de Manhumirim de sítios arqueológicos da cultura indígena pré-colonial.A Ong Força Verde começou a pesquisar esses locais e em 2004 acompanhou uma equipe de arqueólogos da UFMG, liderados pelo Professor Arqueólogo Jair Pazini, a dois supostos sítios arqueológicos localizados na zona rural de Manhumirim. Chegando lá, após algumas observações foram encontrados machadinhas de pedra e fragmentos de vasilhas de barro, ficando comprovado a existência dos sítios, e de acordo com o Professor pazini, dos índios Puris Coroados que habitavam nossa região antes da chegada dos portugueses e dos Puris Arrepiados que vieram do litoral capixaba. 

Após a descoberta dos sítios, instalou-se uma grande vontade de escavar os locais para ver o que mais poderia ser encontrado. Neste momento o Prof. Pazine aconselhou em manter os locais intactos e em sigilo para não comprometer no futuro, uma prospecção arqueológica feita por uma equipe técnica, com capacidade obter informações fundamentais, se o terreno não tiver sido alterado por leigos.


De acordo com o Prof. Pazini, os locais provavelmente eram usados como acampamentos temporários, para a caça e confecção de utensílios.



Posteriormente a visita dos arqueólogos, membros da Ong continuaram as pesquisas feitas através de entrevistas com moradores idosos da zona rural e descobriram um terceiro sítio que provavelmente tenha sido uma aldeia devido a sua área ampla e plana, com uma nascente no centro, localizada a dois ou três quilômetros dos sítios anteriormente descobertos. A partir daí, alguns membros da Ong se aprofundaram nas pesquisas de documentos históricos a fim de conhecer melhor os índios que nos antecederam nessa região.

Foram pesquisados documentos na Biblioteca Nacional, bem como livros de registros dos militares responsáveis por nossa região no período do Brasil Império.

Antes de uma descrição mais aprofundada dos Puris torna-se necessário fazer uma descrição do local que eles habitavam. Antes do homem branco descobrir o Brasil, os nativos, o denominavam de Pindorama (Terra das Palmeiras), posteriormente, devido a criatividade religiosa dos portugueses recebeu outros nomes como; Ilha de Santa Cruz, Terra de Vera Cruz e finalmente Brasil. Durante o período histórico das Entradas e Bandeiras esta região que hoje é conhecida como Zona da Mata, na época era chamada pelos portugueses como “Sertão do Leste das Gerais” e como o Sertão do Leste era muito amplo, foi subdividido em área menores também chamadas de Sertões, . As Minas logo foram distinguidas das Gerais, que passaram a referir-se aos muitos sertões que se espraiava por todas as direções, tendo como contraponto os núcleos urbanos interligados por caminhos conhecidos e trafegados que formavam o eixo central: o Sertão do Retiro da Mandioca, no sul de Minas, o Sertão da Farinha Podre, atual Triângulo, o Sertão de São Francisco, o Sertão do Cuieté e o Sertão dos Arrepiados no leste,ou seja, a região da serra do Caparaó, em que manhumirim está localizado. Naquele período de 1500 a 1800, esta região foi mantida isolada pelo Governo Português com a finalidade de criar uma barreira natural entre Vila Rica de Ouro Preto e o litoral capixaba, dificultando assim o contrabando de ouro e possíveis invasões das ricas minas descobertas no interior das Minas Gerais. Por este motivo, a Zona da Mata Mineira foi a última região do Brasil a ser desbravada e colonizada. Com a entrada dos Portugueses no litoral capixaba, os nativos se embrenharam nas matas do interior e se refugiaram nos Sertão dos Arrepiados onde o homem branco ainda não havia se instalado, o local recebeu este nome devido ao corte de cabelo usado pelos puris que vieram do litoral capixaba, mas a região já era habitada pelos Puris Coroados que cortavam os cabelos como uma coroa.



O nome Puri quer dizer "Povo pequeno" por causa da estatura e do tipo físico dos mesmos.
 De acordo com historiadores, tinham a pele branca e eram pacíficos, aceitavam bem a proximidade com os colonizadores a ponto de se prontificarem a trabalhar para os mesmos, fato que contribuiu consideravelmente para a miscigenação das duas raças e até na atualidade é possível encontrar descendentes dos Puris na região.

Os Puris só se envolviam em guerras para defender seu território dos Botocudos, nação indígena que habitava o Vale do Rio Doce e acabaram migrando para a serra dos arrepiados por terem tido seu território invadido por portugueses, passaram a habitar a mesma região dos Puris Coroados. Naquela época, a região permanecia intocada pelos colonizadores portugueses tornando-se o último refúgio para os nativos que viviam em Minas Gerais no Espírito Santo e no norte do Rio de Janeiro. Enquanto no resto do Brasil havia o hábito de capitura ou de estermínio dos nativos, o Sertão dos Arrepiados tornou-se o último refúgio.

Provavelmente foi palco de inúmeros conflitos entre as várias nações indígenas que migraram para cá. Por mais de trezentos anos o Sertão dos Arrepiados permaneceu intocado servindo de refúgio para os índios nativos da região e para as tribos que tiveram seu território invadido no norte de Minas,Espírito Santo e norte do Rio de Janeiro. Dados históricos levam a crêr que a população indígena da região no século XVIII era enorme. Enquanto o resto do Brasil estava sendo colonizado pelos portugueses a região permanecia inesplorada como antes da chegada do homem branco.   
      Enquanto os Botocudos eram dizimados por sua bravura e seu hábito de canibalismo os Puris passaram a ser capturados pelos portugueses para trabalharem nas minas de ouro e nas primeiras lavouras de café da região,
os Botocudos supostamente antropófagos, tiveram outro fim.  Os nativos reagiam a invasões com ferocidade, o que tornou o botocudo famoso por ser, dentre todos os tapuias, "o mais feroz e antropófago (...) o mais estúpido e rude(...) a quem somente rege a natureza corrompida" (Campos, Francisco da S. & Stockler, F. de B., 1897, p. 687).
No dia 13 de maio de 1808, edita-se a carta régia, que mudaria o tom da diretriz política da Coroa Portuguesa para com os nativos da colônia. As novas ordens refletem, claramente, o desespero de uma monarquia cercada pelo poderio militar francês e nas mãos de D, Maria I, “a louca”, representada por seu filho o Príncipe Regente D. João VI que declara veementemente guerra contra os índios Botocudos: “Que deste momento, em que receberdes esta minha Carta Régia, deveis considerar como principiada contra estes índios antropóphagos uma guerra ofensiva que continuareis sempre em todos os anos nas estações secas e que não terá fim, senão quando tiverdes a felicidade de vos senhorar de suas habitações e de os capacitar da superioridade das minhas reais armas de maneira tal que movidos do justo terror em sociedade, possam vir a ser vassalos úteis, como já o são as imensas variedades de índios que nestes meus vastos estados do Brasil se acham aldeados e gozam da felicidade que é conseqüência necessária do estado social”.     Na prática, tal declaração desencadeou um nível de violência inédito nesta e em outras regiões ocupadas por indígenas: desde então, "não se deu trégua aos botocudos, que passaram a ser exterminados onde quer que se encontrassem, sem olhar idade ou sexo"a ponto de exterminar completamente a raça em nossa região, sobrando apenas os Krenak do norte de Minas.


Esses índios eram chamados pelos portugueses de Botocudos por usarem adornos chamados originalmente por Imató, discos de madeira que eram introduzidos no lábio inferior e nos lóbulos das orelhas, esses objetos foram apelidados pelos portugueses de Botoque, o que deu origem ao nome Botocudo.
    Eles não constituiam um grupo indígena único. Eram índios de diferentes etnias com algumas características em comum: como o uso dos botoques e o semi-nomadismo. Sobre o genérico nome "botocudo" eram conhecidos os índios das etnias Pojixá, Jiporok, Naknenuk, Nakrehé, Etwet, Krenak, entre outras e habitavam grande parte de Minas Gerais e Espírito santo.

       Para Saint-Hilaire, eram profunda e impressionantemente semelhantes aos macacos de grande porte, tanto nas feições como em gestos e movimentos (Saint-Hilaire, A de.1975, p. 242).
   Ao encontrá-los, Saint-Hilaire é tomado pela aversão. Nus, lambuzados de tintas, cílios arrancados, o lábio inferior tal qual uma pequena mesa de três polegadas de diâmetro, orelhas horrendas, desfigurados. Vivendo em tribos de cinqüenta a cem guerreiros, falavam o mesmo idioma, sem constituírem unidade. Saint-Hilaire enfatiza o aspecto bárbaro da linguagem e sua pronúncia: sem o uso perfeito do lábio inferior, usavam mais a garganta e o nariz, dando um tom áspero e um anasalamento gutural às palavras, produzindo ainda "estrondos de voz que surpreendem quando a eles não se está acostumado" (Saint-Hilaire, A. 1975, p. 252 e 248).


    Os narradores que acompanhavam as entradas e bandeiras e tinham a desventura de encontrar os botocudos deixaram registradas sua violência e agressividade. Vários historiadores citam violentos ataques dos botocudos.


    Outros mineradores percorriam a região, exploravam o ouro e muitos relatavam constantes ataques de índios Botocudos, sendo famoso o grande ataque de 1771 que, com vitória indígena, retirou da região, do rio e da serra do Castelo, boa parte dos aventureiros.
      Dom Frei João da Cruz, por provisão de 15 de outubro, criou ali (Abre Campo) uma freguesia com título de Santa Ana e Senhora do Rosário da Casa da Casca. A paróquia, no entanto, não pode manter-se por muito tempo, em razão sobretudo de haver sido quatro ou cinco vezes atacada e uma vez literalmente arrasada a fogo pelo selvagem botocudo.
   Surgem assim amalgamadas as imagens dos botocudos e da floresta, nas narrativas dos viajantes. E invariavelmente, no meio das descrições da rudeza enfrentada na caminhada, irrompe o índio como clímax da caracterização desse ambiente como selvagem. O botocudo possui a "ferocidade do tigre", age segundo seus sentidos e seus instintos, "tal como a onça" ao caçar. A mata abriga antas, porcos selvagens, veados, sete tipos de felinos, alguns temíveis como a onça pintada, o tigre negro, o yaguareté (que por vezes chupa o sangue de suas vítimas sem tocar-lhes a carne), mas, para o viajante, "o rude selvagem botocudo, habitante aborígine destas paragens, é o mais formidável que todas as feras e o terror destas matas impenetráveis"(Maximiliano, 1989, p. 153, 278, 292, 318).
    Em 1798, três negros foram atacados nas proximidades de Minas Novas, sendo que um conseguiu fugir e pedir socorro. Quanto aos outros, teriam achado, mais tarde, suas ossadas "tostadas do fogo e bem roídas" (Moura, José P. F. de, 1897, p. 29). De acordo com historiadores, os Botocudos tinham predileção pela carne dos negros que eram chamados por eles de macacos do chão, por serem de uma raça desconhecida dos nativos.
       Com o declínio da extração do ouro nas Minas Gerais, o Príncipe Regente D. João emitiu uma Instrução Real, em 11 de abril de 1814, que gerou ofício de mesma data ordenando a construção de uma Estrada Real ligando Vitória, no Espírito Santo, a Vila Rica de Ouro Preto, em Minas Gerais, a estrada passou a chamar Estrada Imperial São Pedro de Alcântara.

Com a presença dos portugueses na região que havia se tornado o último refúgio dos Botocudos, os conflitos se tornaram mais freqüentes. Os nativos reagiam a invasões com ferocidade, o que tornou o botocudo famoso por ser, dentre todos os tapuias, "o mais feroz e antropófago (...) o mais estúpido e rude(...) a quem somente rege a natureza corrompida" (Campos, Francisco da S. & Stockler, F. de B., 1897, p. 687).
        Entre os homens do século XIX, as opiniões variavam e mesmo a maneira de encarar o fato divergiam. Para defensores de uma política pacífica na aproximação com os botocudos (com o objetivo explícito de educá-los para a sociedade e de adequá-los ao trabalho), como no caso de Theóphilo Ottoni, a antropofagia ocorria, mas o hábito não se originara independentemente entre os selvagens. Pelo contrário, constituíra-se como uma resposta à violência dos invasores. Como os soldados usavam cães de caça na guerra contra os botocudos, dando-lhes a sua carne para aguçar o faro, estes homens teriam passado ao canibalismo como forma de represália ou vingança (Ottoni, T. B., 1930, p. 175).
     Saint-Hilaire também parte da postura de duvidar da atribuição de antropofagia, já que índios pacificados negavam peremptoriamente o uso desta prática entre seu povo. Mas constatava a mutilação dos corpos e citava casos - mesmo que duvidosos - de relatos feitos pelos selvagens de rituais de canibalismo (Saint-Hilaire, A de, 1975, p. 185 e 204) Menos reticente e mais alarmista, Avé-Lallemant não apenas apontava o canibalismo como indubitável, mas narrava a preferência dos índios pela carne dos negros, a que chamavam "macacos do chão" (Avé-Lallemant, 1980, p. 239). Também Hartt confirmava a crença, encontrada em toda a parte, de que os corpos mutilados dos inimigos eram devorados (Hartt, C. 1941, p. 642).
    Quanto à capacidade de resistência dos botocudos, é necessário dizer que eles não eram uma presa comum como os demais índios, mas destemidos e indomados nativos. Os registros de suas lutas os elevam ao grau do selvagem mais bravo de todos os que existiram em território brasileiro, a ponto de a história registrar que nunca foram derrotados, mas chacinados. Sustentaram quatro séculos de luta.
    Estudar os índios da nossa região no século XIX é um caminho para a percepção de que a postura ativa do índio na construção de sua história não é característica apenas do Brasil contemporâneo, mas que várias estratégias e saberes constituíram suas vidas em outros momentos históricos. A história dos índios no período imperial é mais que a da guerra declarada pelos brancos e do avanço sanguinário dos conquistadores. Os Puris e os Botocudos instituíram-se como uma sociedade criadora de um conhecimento decisivo sobre o meio ambiente em que viviam, desenvolvendo estratégias especiais de sobrevivência e de luta. Torna-se essencial destacar a positividade destes saberes e habilidades. Soma-se a isto a importância de considerarmos os momentos em que conseguiram superar seus inimigos através de sua admirável capacidade guerreira. Afinal, apesar do massacre sofrido, a própria sobrevivência das sociedades indígenas e a continuidade de suas lutas, no Brasil contemporâneo, são os mais evidentes sinais de sua força e vitalidade. Se o diálogo com a diferença nos traz a possibilidade de criar em nosso presente, esta visão histórica pode ressaltar como a vida é sempre guerra - explícita ou não -, conflito, luta de posições. E que todos possamos, com eles, aprender um pouco a viver para além dos mitos cristãos do bem e do mal.

Índia Botocudo fotografada em 1876.


Referências Bibliográficas
História dos Índios do Brasil, Manuela Carneiro da Cunha e Francisco M. Salzano.
AMANTINO, M.S. O mundo das feras: os moradores do sertão oeste de Minas Gerais -
século XVIII. Rio de Janeiro: UFRJ, Tese de doutorado. 2001.
SAINT-HILAIRE, A. Viagem pelas províncias do Rio de Janeiro e Minas Gerais. Belo
Horizonte/São Paulo: Itatiaia/Edusp, 1975
DEAN, W. A ferro e fogo - A História e a Devastação da Mata Atlântica Brasileira. São
Paulo: Companhia das Letras, 1996
MATTOS, I. M. “Civilização” e “Revolta”: Povos Botocudo e Indigenismo Missionário na Província de Minas Gerais. Tese de doutorado. Campinas: UNICAMP, 2002.
Coroado e Botocudo, in Viagem pelo Brasil, 1817 – 1820 de Spix e Martius
31 Revista do Arquivo Público Mineiro. Ano III, fascículo III e IV, 1898. p.743-5.
32 PARAISO, Maria Hilda Baqueiro.Repensando a política indigenista para os Botocudos. In: Revista de
Antropologia, São Paulo: USP, 1992, v. 35. p. 83.
MERCADANTE, Paulo. Os sertões do Leste – estudo de uma região: a mata mineira. Rio de Janeiro: Zahar, 1973.


Levantamento do trajeto da Estrada Imperial São Pedro de Alcântara em Manhumirim.
Por Ralph Silveira.

No dia 06 de Abril de 2009, a equipe do Instituto Rota imperial, a mesma que levantou e implantou a Estrada Real Ouro Preto – Parati esteve em Manhumirim para mapear o trajeto da Estrada Imperial São Pedro de Alcântara que cruzava o Município de oeste para leste na época do Brasil Colônia. Como conhecedor do antigo trajeto dentro do município de Manhumirim, Ralph Silveira Diretor Executivo da Ong Força Verde, foi convidado a guiar a equipe que se propôs a mapear a rota Imperial de Ouro Preto a Vitória. Posteriormente o Instituto junto aos Governos Estaduais vai nela, um roteiro turístico como foi feito na Estrada Real Ouro Preto – Parati, que já vem sendo utilizado por turistas de todo o Brasil e exterior.

 Este trabalho está sendo desenvolvido a nível nacional considerando que a Estrada percorre dois estados, Minas Gerais e Espírito Santo. A oficialização e a divulgação na mídia nacional do roteiro turístico dependem de ações dos Governos Estaduais, Secretarias Estaduais de Turismo, com a finalidade de fomentar o desenvolvimento da região.
     Se a implantação deste roteiro for divulgada da mesma forma que a Estrada Real, com certeza vai trazer um número considerável de turistas que irão contribuir efetivamente para o desenvolvimento turístico de Manhumirim os demais municípios cortados por ele. A futura organização e implantação deste roteiro turístico têm um grande potencial para alavancar o desenvolvimento turístico da região. Manhumirim é
rica na sua história, repleta de atrativos naturais, culturais e arquitetônicos, possui infra estrutura suficiente para atender e hospedar a crescente procura dos turistas que trarão o resultado tão esperado por aqueles que acreditam no potencial do município.


Detalhes da História da Estrada Imperial.

Com a explosiva produção de ouro na minas Gerais nas primeiras décadas do século XVIII o governo Português, consciente de que quantos mais caminhos houvesse, mais contrabando haveria. Delimitou o uso de apenas uma estrada de acesso às minas, a Estrada Real que partia do porto de Parati no estado do Rio de Janeiro e terminava em Vila rica do Ouro Preto em Minas Gerais. Depois foi complementada pelo Caminho Novo, que partia diretamente da cidade do Rio de Janeiro para as Minas Gerais.
    Foi proibido qualquer outro acesso às Minas principalmente pelo sertão dos Arrepiados que se tornou, em expressão da época, a “defesa natural das Minas Gerais”.


 Era vedado qualquer contato. Era proibida qualquer entrada pelo Sertão dos Arrepiados onde o seu mar de montanhas coberto por florestas repletas de ínndios não muito amistosos e as dificuldades impostas pela natureza, cumpriu, em parte, seu papel.

  Entretanto é bom lembrar que, se no lado do Espírito Santo era proibida abertura de estradas, no lado mineiro isto não acontecia e mapas de Minas Gerais, da segunda metade do século XVIII, já mostravam caminhos em direção ao Espírito Santo, seja via vale do rio Doce, seja em direção à região mineira do rio Casca e do rio Manhuaçú.


Provavelmente a região já era visitada por aventureiros em busca de riquezas,
por contrabandistas de ouro e caçadores de índios que constantemente estavam confrontando com os donos da terra, os Botocudos. Por esta expansão, ter ocorrido sem o conhecimento ou controle do Governo Português, os pormenores desta história de um não ficaram registrados e infelizmente se perderam com o tempo. Considerando que a Coroa Portuguesa já havia declarado guerra aos índios da região desde 1808, os fatos aqui acontecidos, no período anterior á oficialização da estrada imperial, certamente foram  de estrema brutalidade com os nativos que defendiam seu território com a vida, fazendo emboscadas que deixavam os portugueses e viajantes apavorados, devido a sua ferocidade.

     
Com o decorrer do tempo, começou a ficar notório para Portugal a viabilidade da rota que já vinha sendo utilizada ilegalmente, quando em 1811, foi sugerido ao Ministro do Príncipe Regente D. João, Conde de Barca, a estruturação da “nova estrada que de Minas Gerais se dirige pela Serra dos Arrepiados e que segundo dizem, vai até a Capitania do Espírito Santo. Foi nesse contexto que o Príncipe Regente D. João emitiu uma Instrução Real, em 11 de abril de 1814, que gerou ofício de mesma data ordenando a construção de uma Estrada Real ligando Vitória, no Espírito Santo, a Ouro Preto, em Minas Gerais.
Ela foi denominada de Estrada Real São Pedro de Alcântara em homenagem ao Santo protetor da família real portuguesa e, com a independência brasileira e instalação do Império, passou a ser Estrada Imperial São Pedro de Alcântara. Ao longo da estrada existiam pontos extratégicos denominados Quarteis.





As distâncias eram em léguas: de Vitória a Viana, quatro léguas; de Viana a Borba, duas; de Borba a Barcelos, doze; de Barcelos a Vila Viçosa, três; de Vila Viçosa a Monforte, cinco; de Monforte a Souzel, três; de Souzel ao rio Pardo (Chavez), quatro; do rio Pardo ao rio José Pedro (Príncipe), sete; do rio José Pedro ao Manhuaçu, três; do Manhuaçu ao rio Matipó, duas; do rio Matipó a Cachoeira Torta, duas; de Cachoeira Torta ao Quartel do Casca, três; do Quartel do casca a Ponte Nova, seis; de Ponte Nova a Furquim, sete; do Furquim a S. Caetano, duas; de S. Caetano a S. Sebastião, duas; de S. Sebastião a Ouro Preto; duas ou a Mariana, uma légua.
Alguns quartéis tiveram existência curta, enquanto outros marcaram com seus nomes a região ou deram origem às vilas e cidades. Os municípios cruzados pela Rota Imperial, ou em sua área de influência, são: Cariacica, Castelo, Conceição do Castelo, Domingos Martins, Ibatiba, Ibitirama, Irupi, Iúna, Muniz Freire, Santa Leopoldina, Santa Maria de Jetibá, Venda Nova do Imigrante, Viana e Vitória, no Espírito Santo. Em Minas Gerais são: Abre Campo, Acaiaca, Alto Jequitibá, Barra Longa, Caparaó, Jequeri, Luisburgo, Manhumirim, Mariana, Martins Soares, Matipó, Oratórios, Ouro Preto, Pedra Bonita, Ponte Nova, Santa Margarida e São João do Manhuaçu totalizando trinta e um municípios, sendo quatorze no Espírito Santo e dezessete em Minas Gerais. 

Descrição do trajeto.

Dentro do município de Manhumirim - MG, o trajeto era o seguinte; de oeste para leste, começava no local conhecido como Santinha, localizado na divisa de Manhumirim com Luisburgo, depois descia o Córrego do Ouro passando pela primeira fazenda do município, a Fazenda do Ouro que Pertencia a Manoel Francisco de Paula Cunha o primeiro a se estabelecer na região do atual município de Manhumirim em 1864.
Dali seguia o curso do córrego até alcançar o atual bairro Vila Verde de onde existia uma estrada que provavelmente saía dentro do terreno que hoje pertence á Escola Normal Santa Terezinha. A estrada descia no local onde hoje está localizado os Correios, seguia por onde hoje é a Praça Padre Julio Maria e cruzava o rio Jequitibá e subia pela rua Pe. Julio Maria passando por um local onde funcionava a oficina  de um ferreiro que dava manutenção nas carroças. Nos fundos de um terreno baldio ali localizado ainda existem vestígios do estabelecimento. Continuando, passava pela Praça Getúlio Vargas, local onde teve início o primeiro núcleo populacional que deu origem à cidade. Dali seguia pelo Bairro Santo Antônio até alcançar a antiga usina dos padres, depois seguia pelo Córrego Pirapetinga, passando pela Fazenda do Lidinho Sanglard, depois seguia margeando o córrego até a Fazenda Boa Vista que atualmente pertence ao Mário Sanglard. Dali subia a direita passando próximo à Fazenda dos Corrêas e virava para a fazenda Quartel

que era o décimo quartel da estrada partindo de Viana no Espírito Santo. Da fazenda Quartel seguia descendo o Córrego do Bomfim até encontrar o Rio José Pedro, divisa de Minas e Espírito Santo, onde até hoje existe um local utilizado para a travessia de animais. Após cruzar o rio divisa de estados, chegava-se ao lugarejo denominado São João do Príncipe de onde seguia em direção ao município de Irupí no Estado do Espírito Santo.